História
Surgiu em 1858 como uma papelaria, livraria e loja de miudezas criada por Gustavo Gravenhorst e em maio do mesmo ano, o imigrante alemão e farmacêutico Gustavo Schaumann se junta a Gravenhorst em sociedade. Nesta época, a cidade de São Paulo possuía cerca de 30 mil habitantes e apenas quatro farmacêuticos para atender toda a população, o que despertou o interesse de Schaumann em criar uma farmácia de alto nível.[1]
Gravenhorst ficou encarregado de ir até a Alemanha para buscar os equipamentos para a farmácia, porém faleceu durante a viagem. Schaumann havia ficado em São Paulo para cuidar do negócio e acabou assumindo a empresa, renomeando-a como "Botica Ao Veado d'Ouro" e utilizando a escultura de um veado dourado, inscrito no brasão de sua família como emblema do estabelecimento.
Em 1879, o seu filho Henrique Schaumann, então com 23 anos, recém-formado em Hamburgo, assumiu o controle do negócio da família.[2] Em 1905, Alfredo Thiele se tornou o novo responsável pela empresa, até vender a farmácia a outros colaboradores.[1] A Botica gozava de um prestígio e credibilidade com poucos paralelos na cidade de São Paulo. Não eram raros os clientes que simplesmente se recusavam a consumir medicamentos de manipulação que não fossem produzidos pelo estabelecimento.[3]
Caso Androcur
No entanto, em 1998 a farmácia envolveu-se em um famoso escândalo envolvendo a falsificação do medicamento Androcur (destinado essencialmente ao tratamento de câncer de próstata). Segundo investigações realizadas à época, a Botica produziu cerca de um milhão e trezentos mil comprimidos de placebo.[4] Nesse mesmo ano, a farmácia já havia sido fechada pela Vigilância Sanitária por não estar em condições adequadas de funcionamento.[5]
A fabricação de placebo não é ilegal, observadas as quantidades permitidas para cada fabricante bem como, principalmente, o fim a que se destina. Retirados e levados para outro endereço, os comprimidos-placebo eram embalados e recebiam um rótulo falsificado do Androcur. Os sócios Edgar Helbig e Daniel Eduardo Derkatscheff Vera foram condenados a 13 anos de prisão. Os sócios defenderam-se alegando que os comprimidos eram produzidos a pedido de um cliente e que, da porta do estabelecimento para fora, desconheciam a destinação dos mesmos.[6][7]
No entanto, sem explicação ficou o fato de que o volume encomendado não gerou suspeitas aos donos da Botica; além de que a empresa sequer tinha autorização legal para produzir medicamentos em escala industrial, tanto que a Vigilância Sanitária havia lacrado o estabelecimento já em setembro de 1998 pelo simples fato deste estar produzindo em escala industrial, independente da qualidade dos produtos.[8]
O escândalo marcou a Botica Ao Veado d'Ouro indelevelmente, sendo o evento ainda lembrado por muitos paulistanos mesmo décadas depois. Em 2008, a Botica encerrou suas atividades, tendo seus funcionários e donos realocados para a farmácia de manipulação Medida Exata, que ficava no bairro paulistano de Pinheiros e fechou em 2014.
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